Cientistas malucos


















Por Carlos Eduardo e Leandro Arouca



Desde que a ficção buscou nas ciências elementos capazes de converter as histórias fantasiosas em contos mais factíveis, os autores não se contentaram apenas em criar "engenhos" fantásticos, eles criaram também os homens capacitados o suficiente para toda essa engenhosidade: os cientistas.

O principal exemplo dessa estirpe de personagem é justamente o pioneiro: Dr. Frankenstein, do clássico de Mary Shelley de 1818; tamanha é popularidade do cientista que acreditava na possibilidade de reviver pessoas mortas que seu nome passou a ser confundido com sua cria, o monstro feito de pedaços humanos que voltou a vida (o livro "Frankenstein" também é conhecido como "Prometeu moderno", alusão ao mito grego de Prometeu, que roubou dos deuses o fogo divino, usando-o em um homem de barro dando-lhe vida, originando assim a humanidade).

Retratados como gênios, os cientistas também eram tratados nas histórias como malucos desacreditados por quase todos os outros personagens, pois lidavam sempre com uma ciência que não era usual: a pseudo-ciência das histórias de FC. Esse misto de genialidade e insanidade foi encarnado perfeitamente pelo Dr. Henry Jekyll, do romance "O Médico e o Monstro" (1886) de Robert Louis Stevenson. Na história o bom doutor criava uma droga capaz de desinibir as pessoas mais introspectivas, injetando-a em si mesmo, o resultado acaba criando uma outra personalidade, na mente e no corpo do doutor:

o Mr. Edward Hyde, o "monstro" (maluco) do título do livro. Um experimento que fazia frente as cruzamentos genéticos feitos pelo Dr. Moreau no livro de H. G. Wells: "A Ilha do Dr. Moreau" (1896). Em sua ilha o cientista maluco criou as mais inacreditáveis aberrações que a mente humana (perturbada) poderia imaginar.

Mais conhecidos pelas adaptações nos cinemas Dr. Frankenstein, Dr. Jekyll e Dr. Moreau popularizaram o termo "cientista maluco" e desde então essa figura trágica e carismática começou a fazer parte da cultura popular (afinal, quem não conhece expressões como "está vivo" ou "heureca" ditas pelos tais cientistas malucos), encantando adultos e crianças, principalmente nos desenhos animados.

Os cientistas malucos e suas invenções povoaram o universo infantil e o melhor exemplo disso é o popular personagem da Disney conhecido como Professor Pardal (que na verdade é um frango chamado Gyro Gearloose no original em inglês), criado por Carl Barks (que também é o pai do Pato Donald) o atrapalhado professor usava um método inusitado para ter novas idéias: pancadas na cabeça com um martelo!

Mais hilário do que isso são as curtas histórias do jovem Jack B. Quick, criado por Alan Moore para a revista em quadrinhos "Tomorrow Stories", que mostram o menino-prodígio desafiando a ciência e provando a validade da "pseudo ciência" (provando através de experimentos científicos, por exemplo, que o pão nunca cai com a manteiga virada para o chão), mostrando que a ficção científica sabe rir de si mesma.

A ciência nunca foi tão divertida e a ficção tão maluca nas mãos desses "cientistas malucos", porém geniais, e suas absurdas criações. Criações que há muito tempo deixaram as páginas dos livros para entrar diretamente no inconsciente coletivo da humanidade.

Imagens: O Homem com os Olhos de Raio-X

Comentários

Santa disse…
Arlan

Interrompi a fisioterapia para publicar o post em solidariedade ao jornalista Reinaldo Azevedo. Agradeço as palavras de carinho no blog. Se é que é possível,- tenha uma boa noite de domingo. Beijos.
Anônimo disse…
O blog melhora a cada dia. Parabéns Arlan.
Santa disse…
Arlan

Depois de uma parada forçada, estou voltando ao blog, aos poucos, mas voltando...Agradeço o carinho de sempre.Bjs

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